ASTHEMG e STC fazem homenagem para Mônica Abreu e reforçam continuidade da luta dos filhos separados

No sábado, 04/09, ASTHEMG, SINDPROS e o Coletivo Somos Todos Colônia (STC) organizaram uma homenagem para a ativista de direitos humanos, Mônica Abreu. Mônica, que faleceu no dia 23 de julho, foi uma das criadoras da ASTHEMG e do Coletivo STC. A homenagem fez parte do Encontro Estadual do STC 2021.

Mônica sempre lutou em defesa dos moradores das colônias e foi dela a iniciativa de iniciaro movimento pela criação e aprovação da lei estadual 23.137, sancionada em 2018, na qual o Estado de Minas Gerais reconhece que cometeu um crime ao separar os filhos dos hansenianos. A lei abriu caminho para a indenização e reparação dos danos que os filhos sofreram pela ação e omissão do Estado que também segregou e marginalizou os pais, doentes.
O Encontro, realizado durante todo o dia de sábado em um sítio em Contagem, para facilitar os cuidados contra a pandemia de coronavírus, reuniu centenas de filhos de hansenianos de todas as partes do Estado. Com a homenagem, a reunião também tinha o objetivo de reorganizar o movimento do Coletivo Somos todos Colônia, desfalcado da liderança de Mônica Abreu. “Pais e filhos se mantêm na luta de décadas. O legado dos pais aos filhos é continuar a luta de resistência e conquistas”, indicou Carlos Martins, liderança da ASTHEMG e do SINDPROS na abertura do Encontro.

Lideranças reafirmam fortalecimento do STC

Lideranças do Somos Todos Colônia subiram ao palco onde lembraram a relevância que Mônica teve para o movimento dos filhos separados. E reforçaram que a luta continua. “O Estado nos deixou de lado. O STC veio para levantar a nossa voz”, disse a Neide, de Ubá, completando que Mônica contornou obstáculos para o Estado reconhecer que cometeu um erro e que nos deve.

Deusmira, de Bambuí, ressaltou o papel de ativista de Mônica, citando seu envolvimento também na defesa da causa animal. Conforme Deusmira, a “madrinha”, como Mônica é chamada pelo pessoal do STC, mostrou que uma grande caminhada começa com um passo e depois outro passo. “Ela está em mim, em você porque deixou o legado”, concluiu.

“Poucos dias antes de ser internada no Hospital, a Mônica nos mandou uma mensagem dizendo que ia se afastar para cuidar da saúde. Ela disse estar tranquila porque confiava que podíamos seguir com o trabalho”. A fala é de Antônio Toti, confirmando que a luta pelos direitos dos filhos de hansenianos continuará.

Outros companheiros da liderança política do STC, Antônio Rodrigues e Mozart, confirmaram a disposição de seguirem firmes. Mozart, de Araguari, declarou emocionado que o trabalho de Mônica Abreu foi decisivo para tirar os filhos separados da invisibilidade, “especialmente nós do Triângulo Mineiro”, frisou. Antônio Rodrigues ressaltou: “vamos discutir formas de fortalecer o movimento para que as iniciativas da Mônica não fiquem pelo caminho”.

Os integrantes do STC abriram um espaço no Encontro para perguntas e dúvidas dos filhos separados sobre como eles podem fazer o requerimento e organizar os documentos para solicitar a indenização do Estado. Antônio Rodrigues, por exemplo, integra a Comissão do Governo do Estado, pelo STC que faz as análises dos processos indenizatórios. “Os pagamentos estão saindo”, conta, explicando que houve caso de demora porque alguns membros da comissão saíram e os documentos que analisavam tiveram de ser repassados a membros substitutos.

Sensibilizado, meio político homenageia Mônica Abreu


As homenagens à Mônica também foram prestadas por meio de vídeos que pessoas do meio político enviaram, como o senador Antônio Anastasia, o prefeito de Bambuí, Lívio, os deputados: Arlen Santiago, André Quintão e Betão e o ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Durval Ângelo, que seguiu apoiando a luta pela aprovação da lei dos filhos separados mesmo depois de ter deixado o Legislativo. Quintão, Arlen e Betão enviaram assessores, para representá-los no Encontro como Eduardo Leal, que também fez parte da homenagem.

O deputado Rogério Correa e o ex-Secretário Regional do Trabalho, Carlos Calazans, compareceram para a homenagem. Calazans ressaltou que a luta é permanente. “Essa indenização é o mínimo que o Estado pode fazer para compensar tanto sofrimento”, disse.

Rogério Correa destacou a longa luta de Mônica, contando que a conheceu quando ela era uma militante trabalhando pela criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) com viés para a Saúde. “A despedida da Mônica precisa fazer surgir novas lideranças para que o STC permaneça coeso e unido”, disse. O advogado do STC, Wiliam Santos, disse que Mônica “nunca deixará de estar no nosso meio” e que ela ensinava que é preciso ir “para o lado da vida”. – Obrigado por você ter existido, finalizou.

Os presentes no encontro assistiram a um vídeo, concebido por ASTHEMG, SINDPROS e Coletivo STC sobre a trajetória de Mônica Abreu. Centenas de fotos, imagens e depoimentos da própria Mônica emocionaram a todos mostrando o envolvimento sem reservas da ativista nas causas que abraçou, como a luta pelos direitos humanos e o decidido engajamento em defesa dos animais.